segunda-feira, 21 de maio de 2012

O Ocidente o o resto do mundo


22 de agosto de 1415. Um exército português, comandando pelo rei D. João I, conquistou a cidade norte-africana de Ceuta, um acontecimento que veio marcar o início da expansão ocidental.
Contudo, no início do século XV, o predomínio do Ocidente no contexto mundial era tudo menos provável.
Com efeito, a Europa Ocidental estava devastada pelas terríveis consequências da Peste Negra, que dizimou dois terços da população, e das diversas guerras, tanto entre Estados como no interior dos mesmos.
A América do Norte era um vasto território desorganizado e pouco hospitaleiro, comparando com o esplendor das civilizações dos Astecas, no atual México, e dos Incas, que dominavam toda a área territorial entre os Andes e o Pacífico.
A China era a civilização mais poderosa do mundo. A Cidade Proibida estava a ser construída. O imperador Ming, Yong-Le, enviou o seu arrojado almirante Zheng He com uma vasta armada de navios e de 27.000 homens, explorar as costas da Ásia e da África Oriental.
O Império Otomano alargava os seus territórios nos Balcãs e conquistou a cidade de Constantinopla, em 1453, pondo fim ao Império Romano do Oriente, cujo declínio já se arrastava desde há séculos.
Contudo, os países da parte mais ocidental do grande continente euroasiático começaram a emergir e assumiram-se progressivamente como potências à escala global.
Com efeito, nos últimos cinco séculos, o Ocidente conseguiu impor-se progressivamente, passando a liderar os destinos do mundo, uma situação que permaneceu inalterada até há bem pouco tempo, quando as potências politica e economicamente emergentes (Japão, China, India, Brasil e Rússia) começaram a colocar em causa a superioridade estratégica do Ocidente no contexto planetário.
De acordo com o historiador britânico Niall Ferguson, autor do bilhante livro "Civilzação - O Ocidente e os Outros", os fatores que contribuiram para a ascensão civlizacional do Ocidente foram os seguintes:
- A competição, que consistiu na descentrlização da vida política e económica, que criou as condições para o desenvovimento dos Estados-nações e da economia de mercado;
- A revolução científica, como via inovadora prvileigiada de conhecimento e de transformação da natureza;
- O reconhecimento dos dirteitos patrimoniais, que consstiiu no promado do direito como forma de garantia dos direitos patrimoniais e da resolução pacífica dos conflitos entre os seus detentores, criando condições para formas progressivamente mais sólidas de governo democrático e representativo; .
- O desenvolvimento da medicina como ramo da ciência que contribuiu para uma vida mais longa e saudável, inicialmente nos paises ocidentais, posteriotemrnte nos territórios coloniais; 
- A sociedade de consumo, criando uma sociedade baseada na compra e venda de bens de consumo, sem a qual a Revolução Industrial não seria sustentável;
_ A formação de uma ética de trabalho, baseada no Cristianismo, criando um enquadramento moral para a sociedade dinâmica e potencialmente instável gerada pelas condições atrás referidas.
Na sua obra, o autor preconiza dois argumentos essenciais para reflexão. Por um lado, o argumento de que a China e outros países emergentes estão a  ser mais eficientes na concretização das condições acima mencionadas, embora nem sempre a liberdade e democracia sejam valorizados. Por outro lado, o argumento de que o Ocidente estaria a perder a confiança nas suas capacidades, nas suas potencialidades e sobretudo nos seus valores.

A ascensão de Jesus. uma breve explicação para o homem do século XXI

No dia 20 de maio, celebrou-se a solenidade litúrgica da Ascensão de Jesus. O livro dos “Atos dos Apóstolos” começa pela sua narração. È a derradeira despedida. Jesus deixa de estar presente no plano terreno com os discípulos, subindo ao céu de forma definitiva.
A expressão bíblica “sobe aos céus” deve ser bem compreendida. Jesus não se eleva como um astronauta. Esta expressão é uma maneira de expor que Jesus entra numa outra dimensão da existência e que ele participa do poder e da glória de Deus.
Lucas, na qualidade de autor do O livro dos “Atos dos Apóstolos”, utiliza as imagens habitualmente usadas pelos escritores para falar das intervenções divinas na história humana. O “Céu” designa a morada de Deus. A “Nuvem” é um sinal simultaneamente da proximidade e da transcendência de Deus. As montanhas são os lugares privilegiados de encontro entre Deus e os seres humanos.
Não se deve dissociar a Ressurreição da Ascensão. Eles são aspetos do mesmo mistério: Jesus ressuscitado entra definitivamente na realidade divina. Por isso, a Ascensão deve ser compreendida no contexto dos acontecimentos da Páscoa. Para lhes dar maior realce, Lucas separou-os. De um lado, a vitória sobre a morte. Do outro lado, a participação no poder e na gloria de Deus. Os quarenta dias referidos por Lucas entre a Ressurreição e a Ascensão não devem ser entendidos em termos literais. Na linguagem bíblica, “quarenta dias” ou “quarenta anos” significa um tempo notável. Recorde-se os quarenta dias de jejum de Jesus ou os quarenta anos da viagem do povo de Israel, liderado por Moisés, entre o Egito e a Terra Prometida.   
Isto explica o facto dos evangelhos de Mateus e de João não falarem na Ascensão. Para eles, é claro que Jesus, logo no momento da Ressurreição, é participante do poder e da glória divinos.
Na sua descrição da Ascensão, Lucas escreve que Jesus disse aos seus discípulos: Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo”. Após enuciar as últimas palavras do Mestre, Lucas prossegue a sua descrição: “Dito isto, elevou-se à vista deles e uma nuvem subtraiu-o a seus olhos. E como estavam com os olhos fixos no céu, para onde Jesus se afastava, surgiram de repente dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: «Homens da Galileia, porque estais assim a olhar para o céu?»”.
Devemos ver aí simultaneamente uma prova da presença divina e um apelo. Por um lado, a prova de que os discípulos e todos os seres humanos de boa vontade vão receber o Espírito Santo, o Espírito de Deus, para prosseguir a obra de Jesus. Por outro lado, um apelo para que não fiquem de braços cruzados. O que é relevante é dar testemunho de Jesus para que a sua mensagem salvadora e libertadora do Reino de Deus se concretize plenamente no nosso mundo.