quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Não há paz sem diálogo


As sociedades contemporâneas têm como uma das suas principais características a diversidade étnica, cultural e religiosa, que as migrações a nível global têm acentuado.
Esta dinâmica provoca uma interação intensa e constante entre perspetivas diferentes, por vezes complementares, mas, outras vezes, conflituantes.
Nos últimos anos, particularmente após os trágicos acontecimentos de 11 de setembro de 2001, tem-se agravado o risco do “choque de civilizações”, radicado na incapacidade de gerir esta diversidade, nomeadamente na recusa do diálogo e do respeito mútuo entre religiões.
A rutura do diálogo provoca feridas profundas na Humanidade. Todas as religiões falam de amor, compaixão e fraternidade, e cada religião, se vivida na sua plenitude genuína, deve levar a ações de paz.
Mas, nos cenários da contemporaneidade, encontramos indivíduos ou grupos que promovem conflitos em nome de um Deus dobrado ao seu desejo de poder e de domínio. Quando uma religião se torna uma ideologia, quando usa palavras e métodos ideológicos, então ela está perdida, torna-se destrutiva.
Independentemente da nossas convicções religiosas, temos responsabilidade de estabelecer uma boa comunicação com todos e oferecer o testemunho de uma vida coerente com a fé.
A nossa missão consiste em ser homens e mulheres de comunhão e de diálogo. Uma ótima forma de diálogo é a solidariedade espiritual: trazer à presença de Deus os irmãos e irmãs de outras convicções religiosas, com suas preocupações, angústias, aspirações e esperanças. A certeza que nos encoraja é a constatação de que é muito mais “aquilo que nos une do que o que nos divide”, e que temos muitas palavras em comum com cada ser humano, filho ou filha de Deus que é Pai de todas as suas criaturas.
Neste contexto, a Aldeia das Religiões é um projeto que merece o maior dos elogios. Dinamizado entre os dias 25 a 28 de outubro, este projeto foi uma excelente oportunidade para envolver os jovens (de todas as idades) a nível nacional e europeu em torno do diálogo entre as religiões, contribuindo a promoção dos valores da paz, da fraternidade e do enriquecimento mútuo.