domingo, 16 de junho de 2013

O futuro que queremos


The Earth seen from Apollo 17.jpg

No dia 5 do presente mês, assinalou-se o Dia Mundial do Ambiente, uma oportunidade privilegiada para refletir sobre a relação entre Humanidade e o meio ambiente na qual está inserida.
Nas últimas décadas, temos assistido a uma crescente consciencialização de que o atual modelo de desenvolvimento das sociedades é insustentável. Das alterações climáticas à destruição das florestas tropicais, passando pela extinção maciça de espécies, são cada vezes mais evidentes os efeitos negativos dos nossos padrões de vida sobre o nosso planeta.
Com efeito, o modo como vivemos atualmente representa um peso cada vez maior sobre o planeta.  
Ao longo das últimas décadas do século XX e dos primeiros anos do presente século, foi ocorreram diversos acontecimentos que marcaram a consciencialização progressiva da Humanidade para o paradigma do desenvolvimento sustentável, segundo o qual o modelo de desenvolvimento adequado é aquele que satisfaz as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das futuras gerações poderem satisfazer as suas próprias necessidades.
A primeira grande manifestação de preocupação dos poderes públicos a nível mundial com as questões ambientais teve lugar em 1972 com a realização em Estocolmo da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, tendo como finalidade delinear o direito da pessoa humana a um ambiente saudável.
Em 1980, a organização não governamental União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais publicou a Estratégia de Conservação Mundial, na qual estabelece uma estreita interligação entre o futuro da humanidade e a proteção dos recursos do nosso planeta. Neste documento, surge pela primeira vez o conceito de desenvolvimento sustentável. Em 1893, foi criada a Wordl Comission on Environment and Development, que publicou quatro anos depois o Relatório "O nosso futuro comum", também conhecido como relatório Brundtland, que representa um passo significativo para a definição de uma agenda global para a mudança de paradigma no modelo de desenvolvimento. A primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e Desenvolvimento, decorreu na cidade do Rio de Janeiro em 1992, tendo aprovado uma agenda para o meio ambiente e o desenvolvimento para o século XXI, a denominada Agenda 21.
Nas últimas duas décadas, realizaram-se diversas conferências internacionais sobre a questão ambiental.
Em 2012, realizou-se no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento Sustentável, também conhecida por Rio+20, que aprovou a Declaração “O Futuro que queremos”, um documento programático que oferece uma base para o bem-estar social, económico e ambiental da Humanidade.
Contudo, os resultados práticos têm ficado aquém das expectativas, em termos de definição e de implementação de políticas públicas. 
Com efeito, as implicações estratégicas da crise ambiental raramente são analisadas e continuam a ser um tema incómodo.
Em outubro de 2003, o Pentágono, o Ministério de Defesa norte-americano, promoveu a elaboração de relatório designado “Um Cenário de Mudança Abrupta do Clima e Suas Implicações na Segurança Nacional dos EUA”. Contudo, a sua análise e as suas propostas foram consideradas inconvenientes pela administração do Presidente George W. Bush e o documento foi colocado na prateleira.
O documento analisava as consequências geopolíticas das alterações climáticas, nomeadamente a escassez de alimentos,-como resultado da redução da produção agrícola a nível mundal, a diminuição de disponibilidade de água potável e o aumento de problemas no acesso aos recursos energéticos.
O efeito global das mudanças climáticas seria a redução significativa da população humana que o planeta pode suportar. Além disso, o relatório acrescenta:
“Á medida que se reduz a capacidade biótica máxima e global, podem aumentar as tensões no mundo, levando a duas estratégias fundamentais: defensiva e ofensiva. As nações com recursos para o fazer podem construir fortalezas virtuais à volta dos seus países, preservando recursos para si próprias. As nações menos afortunadas, especialmente as que têm inimizades antigas com os seus vizinhos, podem desencadear lutas pelo acesso aos alimentos, a agua limpa ou a energia. Podem formar-se alianças improváveis, à medida que as prioridades de defesa mudam e que a meta são os recursos para a sobrevivência  em vez da religião, da ideologia ou da honra nacional.“
O relatório do Pentágono foi inovador na aceitação de que as mudanças climáticas, uma das principais dimensões da crise ecológica contemporânea, poderá  conduzir a uma queda da capacidade do planeta de sustentar a Humanidade.  
Por conseguinte, é essencial fazer uma mudança decisiva no sentido do desenvolvimento sustentável, não apenas porque é a coisa certa a fazer mas também porque é do nosso melhor interesse a longo prazo, proporcionando um futuro de esperança para as gerações atuais e vindouras.

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