terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Tudo o que sobe converge: a visão do Universo segundo Pierre Teilhard de Chardin

O grande espírito de Pierre Teilhard de Chardin nunca se contentou com o estudo de detalhes, particularidades e singularidades, que é a principal preocupação de uma grande parte dos pensadores da pós-modernidade ocidental.
Era um verdadeiro filósofo e o tinha seu olhar fixo no todo, e qualquer elemento particular era visto na perspectiva da totalidade. Como verdadeiro filósofo, era desafiado pelo problema do uno e do múltiplo.
Para Teilhard de Chardin, tudo no Universo está imerso na transcendência divina, que lhe confere o seu sentido por excelência.
No começo de tudo, está Deus como o ponto Alfa, como origem de todo ser, que fez o nosso Universo e o nosso planeta em particular literalmente explodir em formas cada vez mais perfeitas e complexas de vida.
E no termo de tudo, do seu movimento e de seu sentido, está Deus como o ponto Ómega; para o qual tudo tende.
Sendo Deus a unidade pura, deu aos seres a faculdade de participar de sua unidade, em si mesmos, e tenderem sempre para unidades mais amplas, pois todo o movimento de subida é um movimento de “convergência”, como exprime no seu aforismo: “Tudo o que sobe, converge”.
s átomos, que já são unidades de uma energia complexa, unem-se, permanecendo eles mesmos, na unidade de moléculas cada vez maiores. As moléculas subsistem permanecendo elas mesmas, mas de alguma forma transfiguradas na célula viva.
As células vivas se unem, de novo, e se especializam permanecendo elas mesmas em organismos cada vez mais diversificados.
O processo de complexificação não pára com o surigimento de seres humanos pensantes e reflexivos.
Teilhard dá grande destaque à socialização à escala planetária e global, considerando que o ser humano só o é perfeitamente quando chega aos limites de si mesmo e manifesta a solidariedade a todo humano, passado, presente e futuro.
Os sinais do desenvolvimento da socialização planetária estão presentes no desenvolvimento das comunicações, que tem vindo a acentuar-se desde o advento da Revolução Industrial.
As comunicações eletrónicas – telégrafo, telefone, rádio, televisão, e sobretudo a Internet que Teilhard não conheceu, mas em que viria uma confirmação de seus sonhos – permitem unir os cérebros de todos os seres humanos fazendo-os pensar e atuar em conjunto, como se fosse um supercérebro.
As informações em tempo real, fazem que milhões e milhões de pessoas participem das mesmas emoções, e interajam através dos continentes formando um só público, um enorme ser coletivo que
tendencialmente abarca a humanidade inteira.
Claro que o mal não está excluído desse processo. Contudo, para Teilhard de Chardin, um cristão convicto, a vitória final será do bem, e a humanidade socializada desvendará que o seu destino é a “amorização”.
A “amorização” consiste na expansão de amor que una definitivamente a Humanidade, formando uma unidade de ordem superior de espírito e de liberdade, formando a noosfera.
Como foi referido anteriormente, tudo no Universo parte de Deus e converge para Ele.
Então, para além dos patamares da biogénese e da noogénese, deve-se acrescentar a instância definitiva, a cristogénese.
Neste ponto, Teilhard de Chardin preconiza a sua conceção do Cristo cósmico, o centro supremo da consistência espiritual de todo o universo, presente como um elemento universal e encarnado por todo o Cosmo, orientando-o para o Pai: o qual é justamente o ponto Ômega, ao qual vai submeter-se e entregar o seu Reino.
A cristogénese é também um movimento de subida e de convergência, prenunciado pelas fases anteriores, mas que representa a realidade definitiva do Universo.

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