O Natal constitui uma oportunidade privilegiada
para abordar a relevância de Jesus no percurso histórico e espiritual da Humanidade.
No presente texto, será analisada a visão de Jesus segundo Deepak Chopra.
Deepak Chopra nasceu em Nova Deli, em
22 de outubro de 1947, vinte e um dias após a proclamação da independência da
Índia em relação ao Império Britânico. Desde muito cedo, quis ser escritor. Por influência do pai, cardiologista,
enveredou pela medicina. Já em Harvard, onde estudou, o seu trabalho
ultrapassou as fronteiras da medicina convencional, apostando numa reformulação
dos conceitos de saúde e das relações entre o corpo, a mante e o espírito. Autor
de diversos livros, é internacionalmente reconhecido como um das principais
personalidades na área do desenvolvimento pessoal e da espiritualidade. Em
1999, a revista norte-americana Time incluiu-o
na sua lista das 100 personalidades mais marcantes do século XX, chamando-lhe “poeta
e profeta das medicinas alternativas”.
Ao longo da sua
extensa obra, entre outros temas, Deepak Chopra tem prestado uma atenção particularmente
especial à figura de Jesus.
Segundo Chopra,
podemos encontrar três dimensões de Jesus: primeiro, o Jesus histórico, que
viveu há dois mil anos; em seguida, Jesus, o Filho de Deus, tal como é
representado pelo Cristianismo; e finalmente, o terceiro Jesus, o mestre e guia
espiritual, que alcançou a iluminação divina, cuja mensagem envolve a
Humanidade como um todo.
Na sua
perspetiva, o menosprezo pelo Jesus iluminado debilitou de forma profunda o
Cristianismo e a espiritualidade humana em geral.
Para Chopra, por
mais singular que seja a sua existência, fazer de Jesus o único Filho de Deus deixa o restante da Humanidade
desamparada. Um grande abismo separa a santidade de Jesus da mediocridade do
resto da Humanidade.
Embora
milhões de cristãos aceitem essa separação, Chopra considera que ela não
precisa de existir.
Por
isso, ele coloca a seguinte questão: E se Jesus desejasse que cada um de nós desfrutasse a mesma comunhão com Deus alcançada por ele?
A
sua conceção sobre Jesus parte da premissa de que esse era o seu desejo. Segundo
Chopra, a comunhão de Jesus com Deus foi um processo que ocorreu dentro de sua
mente.Do
ponto de vista de Buda ou dos antigos rishis (profetas) indianos, Jesus atingiu a iluminação.
Ele
queria ensinar-nos a atingir uma consciência mais elevada, e não apenas ser um
exemplo glorioso dela. Jesus disse aos seus discípulos que eles poderiam fazer
tudo o que ele fazia e mais. Declarou que eles eram a “luz do mundo”, o mesmo
termo que usava para si mesmo.
Apontava para o Reino de Deus como um
estado de graça eterno, não como um lugar distante no espaço e no tempo.
Em suma, o Jesus iluminado, que foi menosprezado
nos dois últimos milénios acaba por ser o mais importante para os seres humanos
do terceiro milénio.
De acordo com Chopra, a sua busca
pela salvação ecoa nos corações de todos e de cada um de nós.
Pode-se concordar ou não com as
ideias partilhadas por Deepak Chopra, mas não devemos ser indiferentes.
As visões sobre Jesus são
necessariamente plurais. No seu livro “Os rostos de Jesus – Uma revelação”, o
padre José Tolentino Mendonça escreveu: “não é a monodia que nos permite captar
Jesus, mas a polifonia, com as suas variantes, os seus contrastes, os seus
silêncios e singularidades”.
Por conseguinte, as ideias de Deepak
Chopra podem ser consideradas como um contributo relevante para compreendemos a
riqueza de Jesus, ponto de cruzamento entre o humano e o divino, que marcou e
marca a História da Humanidade.
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