É praticamente impossível imaginar o mundo do século XXI sem Internet. Estamos na era da comunicação virtual, onde a pessoa pode conhecer o mundo através das novas tecnologias. Em tempo real, as pessoas podem partilhar conteúdos diversos à escala planetária.
Um dos primeiros pensadores a antecipar o impacto do desenvolvimento das tecnologias na comunicação humana à escala global foi o filósofo e teólogo francês Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), que, na década de 1930, previu a integração do pensamento humano numa rede inteligente que acrescentará mais uma camada em torno do planeta, a Noosfera, que recobrirá a biosfera terrestre.
Basta fazer uma simples pesquisa em qualquer motor de busca e encontra-se uma diversidade enorme de opções religiosas no ciberespaço, desde as religiões mais tradicionais e estruturadas aos novos movimentos religiosos, passando por pessoas e grupos com convicções agnósticas e ateias.
Pode-se afirmar que a Internet é a nova fronteira religiosa. Aliás, o desenvolvimento do fenómeno religioso na Internet mostra uma das principais tendências das sociedades contemporâneas, mais concretamente o crescimento de uma espiritualidade não institucionalizada.
Com efeito, assiste-se a um crescimento da religiosidade, cada vez mais diversificada e plural, e a diminuição do interesse pelas instituições religiosas. Há o aumento dos temas religiosos na esfera pública, mas uma redução de interesse pelos dogmas e pelos conteúdos tradicionalmente fundamentais na doutrina das religiões institucionalizadas.
O despertar religioso do século XXI é ambíguo, ambivalente e múltiplo. A religiosidade do século XXI engloba práticas neo-orientais, neomisticismos e neoesoterismos, com aspetos ecológicos e terapêuticos, mas também conceções de cariz integrista e fundamentalista.
Como é sabido, o ciberespaço está em crescimento exponencial e está a ser utlizada por um crescente número de pessoas afastadas das instituições religiosas, mas que continuam a acreditar no Divino e cultivam uma espiritualidade não institucionalizada, o que não deixa de ter profundas repercussões na vida das sociedades.
Para manifestar a sua religiosidade, os cibernautas não precisam de ter vínculo com alguma comunidade ou instituição religiosa específica, nem deslocar-se no espaço físico para encontrar a comunidade de fé e realizar os seus ritos.
Historicamente, as instituições religiosas eram as principais responsáveis por estabelecer a mediação entre o indivíduo e o transcendente.
Na contemporaneidade, a relação do individuo com o Divino acontece, independentemente da presença da instituição.