Desde o século XIX, a
investigação sobre as Escrituras tem constatado que existem semelhanças significativas
entre os Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas, também designados como Evangelhos
Sinópticos, devido a conterem uma grande quantidade de histórias em comum, a
mesma sequência, e por vezes, a mesma estrutura de palavras.
A generalidade dos investigadores
consideram que o material documental Evangelhos provém de uma fonte comum,
designada como Q. Q é abreviação da palavra alemã Quelle, que significa
"fonte". Foi assim denominado pelos estudiosos alemães que
descobriram o material no século XIX, e o nome que escolheram permaneceu.Essa teoria fascinante inspirou estudiosos a escrever sobre "o Evangelho perdido".
A data atribuída ao
material Q, de acordo com os estudiosos, é meados do primeiro século.
Se isso for verdade,
Q torna-se uma testemunha fundamental da investigação sobre a vida e a mensagem de Jesus.
Estudiosos sérios do
assunto, como os do Seminário de Jesus, um projeto internacional de investigação sobre o Jesus histórico, fundado em 1985 nos Estados Unidos da América, consideram o material Q como chave
para seus esforços, pois os remete ao ponto mais próximo do Jesus histórico que
qualquer outro documento.
A valorização do
Evangelho de Tomé pelo Seminário de Jesus e a tentativa de fixar a data desse
documento nos primórdios da história do cristianismo provêm da necessidade de
demonstrar que as conclusões dos estudos são baseadas em documentos antigos.
De fato, a descoberta
de um texto, praticamente completo, da tradução compilada do Evangelho de Tomé
em Nag Hammadi, no Egito, em 1945, foi considerada a confirmação da autenticidade
do documento Q e da antiguidade de sua origem.
Nessas premissas,
essa descoberta demonstra que coletâneas dos ensinamentos de Jesus, como essas
duas fontes — documento Q e Evangelho de Tomás —, ocorreram nos primórdios da
história do cristianismo.
Se aceitarmos a
validade e a data de origem do documento Q e do Evangelho de Tomás, poderemos
ressaltar que não há histórias de milagres nesses documentos.
Não há histórias de
nascimento sobrenatural nem de ascensão sobrenatural.
Não há narrativas de
crucificação nem de ressurreição. Não há parábolas. Não há nada que apresente Jesus
na linguagem teológica sobrenatural que posteriormente o cercou. Ele é referido
como um sábio carismático e um mestre sapiencial.
Portanto, essas
fontes apresentam-nos um Jesus que não era uma divindade visitante, nem a encarnação
de um Deus sobrenatural, mas sim um mestre espiritual que era a manifestação humana da Sabedoria Divina.
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