Chegou o momento de dizer que cada um de nós é
Charlie. Porque gostamos de humor. Porque defendemos a liberdade de expressão
Porque sobretudo por querer viver de uma forma digna e feliz.
Após os totalitarismos que mancharam o século XX,
com vários milhões de vítimas, os fundamentalismos religiosos e o
fundamentalismo islâmico em particular são os grandes inimigos da liberdade e
das sociedades democráticas e abertas.
Tive a oportunidade de conhecer verdadeiros
muçulmanos na Europa e no Médio Oriente. Aqueles que apreciam a vida na sua
diversidade. Aqueles que consideram que a verdadeira jihad é a luta
interior de cada ser humano em busca do seu aperfeiçoamento ético e espiritual.
Pessoas que estão cheias de vergonha por existirem criminosos que invocam
o Corão e o profeta Maomé para legitimar a sua atuação bárbara e covarde.
Neste momento em que choramos a morte bárbara de
doze concidadãos europeus, não podemos esquecer os milhares de cristãos, yazids
e membros de outros membros de minorias religiosas que foram barbaramente
mortos no Médio Oriente no ano findo, bem como os dezenas de milhares que foram
expulsos das suas casas e despojados da sua dignidade.
Hoje, mais do que nunca, temos a responsabilidade
de defender as liberdades de expressão e de imprensa como pilares
civilizacionais da Humanidade. Temos a responsabilidade de defender a liberdade
religiosa e de consciência no seu sentido mais amplo, isto, a liberdade
de acreditar em Deus ou não, de seguir uma determinada religião ou nenhuma, bem
como mudar de religião.
O Antigo Testamento diz: “Amarás o teu próximo como
a ti mesmo”. No Novo Testamento, está escrito: "Aquele que não ama
não conhece a Deus, porque Deus é Amor." No Corão, está enunciado:
“Nenhum de vós é um crente, até quererdes para o vosso vizinho aquilo que
quereis para vós.” Nas escrituras budistas, um das principais afirmações de
Buda é: “Não magoeis os outros com aquilo que vos magoa a vós. “
Um dia, Othman Jebreal, guardião da Mesquita
Al-Aqsa, em Jerusalém, um dos locais mais sagrados do Islão, disse: “O perigo
não está nos livros sagrados. Está na mente daqueles que os interpretam.”
Há um princípio, a regra de ouro presente e
preservada há milênios em diversas tradições religiosas e éticas da humanidade:
não faças ao outro o que não queres que te façam a ti. Ou,
formulada de modo positivo: faz aos outros o que queres que te façam também
a ti! Essa deveria ser a norma inamovível e fundamental para todos os
campos da vida, para as famílias e as comunidades, para as nações e religiões.
Não se pode transformar a nossa Terra para melhor
sem que se mude a consciência da pessoa humana. Atualmente, é o momento de defendei
uma mudança individual e coletiva da consciência, em favor de um despertar de
nossas forças espirituais e em favor de uma conversão das mentes e dos
corações.
Juntos podemos mover montanhas! Juntos podemos
ajudar a construir um mundo cujas criaturas não sejam atormentadas pela guerra,
torturadas pela fome e pelo medo, para que os nossos filhos e os filhos de
nossos filhos possam ter orgulho da sua condição de seres humanos.
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