No dia 24 de abril de 1994, realizaram-se as primeiras eleições livres, democráticas e multirraciais na República de África do Sul.
Este acontecimento marcou o fim do regime do apartheid, um sistema político autocrático baseado na institucionalização da segregação racial.
Embora a discriminação racial fosse um fenómeno já presente na época colonial, a situação agravou-se com a independência da África do Sul em relação ao Império Britânico, proclamada em 1910, e sobretudo com a ascensão ao poder do Partido Nacional, em 1948, uma formação política baseada na comunidade bóer ou afrikaner, de origem holandesa.
A partir de 1948, foram aprovadas diversas medidas legislativas, políticas e administrativas que implementaram o regime de apartheid. Os sul-africanos foram divididos em quatro grandes grupos raciais: “brancos”, “negros”, “de cor” e “indianos”. Os direitos de cidadania das populações não brancas foram sistematicamente restringidos e negados.
A transição do apartheid para a democracia está indissociavelmente ligada a Nelson Mandela, que constitui um dos estadistas mais prestigiados do século XX e do início do século XXI.
Contudo, o fim deste regime não foi o resultado da atuação isolada de um homem, mas sim o resultado de uma luta de milhões de sul-africanos pertencentes a diversas etnias, convicções político-ideológicas e confissões religiosas, que partilhavam o sonho de uma sociedade baseada na dignidade da pessoa humana, tendo sido apoiadas por vários milhões de pessoas um pouco por todo o mundo.
Ao sair da cadeia, naquela manhã de céu límpido, em Franschhoek, no Cabo Ocidental, no dia 11 de fevereiro de 1990, Mandela foi ao encontro de um país envenenado pelo racismo e pela autocracia, é certo, mas, ao mesmo tempo, muito bem preparado para assumir o seu novo papel de potência democrática a nível internacional.
A resistência contra o apartheid aperfeiçoou o país. Os longos anos de combate contra o regime racista explicam a elevada consciência política, organização e combatividade da atual sociedade sul-africana.
Há duas décadas, muitos auguravam para a África do Sul um cenário sinistro de anarquia e de guerra civil fratricida.
Hoje, a África do Sul, apesar de todos os problemas sociais, económicos e inclusive políticos, é uma democracia pluralista estabilizada, dispõe de uma economia moderna e sofisticada, pertence aos G20, o grupo dos vinte países mais poderosos do mundo e é uma das sociedades com maior diversidade étnica e cultural do planeta.
Portanto a África do Sul, mau todas as adversidades afirmou-se como uma nação arco-íris, honrando as sábias palavras de Nelson Mandela: “Cultivei o ideal de uma sociedade democrática e livre na qual todos vivam juntos em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual espero viver e que espero alcançar. Mas se for preciso, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer.”
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